A DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM! (Série 1)


série que vou escrever sobre os cinco pontos

 “Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares conta eles, e os entregares às mãos do inimigo, de modo que os levem em cativeiro para a terra inimiga, quer longe ou perto esteja...” 1 Reis 8:46.

Estamos iniciando uma série de estudos sobre a TULIP, acróstico referente às iniciais dos Cinco pontos do calvinismo em inglês: T – Total Depravity (Depravação Total) U – Unconditional Election (Eleição Incondicional) L – Limited Atonement (Expiação Limitada) I – Irrestible Grace (Graça Irresistível) P – Perseverance of the Saints (Perseverança dos Santos). Estes cinco pontos são uma síntese das doutrinas da graça soberana definidas pelo Sínodo de Dort, que se reuniu na cidade holandesa de Dordrecht entre 1618 e 1619 para refutar as alegações teológicas contrárias à soberania de Deus levadas a cabo por um grupo de discípulos de Jacob Arminius conhecido como Remonstrantes ou arminianos. Os delegados do Sínodo de Dort, teólogos e pastores não apenas da igreja holandesa, mas de oito países europeus, reconheceram que o ensino arminiano ameaçava um dos temas mais centrais da fé cristã: a soberania absoluta de Deus sobre todos os eventos, inclusive sobre a salvação. A rejeição do erro arminiano pelo Sínodo resultou num conjunto de proposições chamados de Cânones de Dort, cuja síntese ficou conhecida como os Cinco Pontos do Calvinismo. No entanto, é indispensável saber que o calvinismo não se resume aos Cinco Pontos. Estes são tão somente uma síntese de um dos aspectos da teologia calvinista: a soteriologia ou doutrina da salvação.

 O calvinismo é muito mais abrangente, ele é definido por Abraham Kuyper em sua obra “Calvinismo” como um sistema de vida, mais extenso e amplo que seu aspecto confessional. O calvinismo é um sistema completo, uma cosmovisão, que abarca um aparato capaz de não só analisar a realidade, mas de intervir nela para a manifestação da glória de Deus. Joel Beeke em seu livro “Vivendo para a Glória de Deus” traduz assim essa característica tão peculiar do calvinismo: “Como calvinistas, somos apaixonados por Deus. Somos dominados por sua majestade, sua beleza, sua santidade e sua graça. Buscamos a glória de Deus, desejamos sua presença e modelamos nossa vida segundo seus padrões”. Sabedores dessa verdade, ou seja, que os Cinco Pontos não são o todo, mas uma parte do calvinismo, podemos refletir sobre o primeiro dos Cinco Pontos: a Depravação Total do homem. A Depravação Total é um conceito chave para a compreensão não somente dos outros quatro pontos que derivam dele, mas da ação corruptora do pecado na história da criação. Podemos dizer que a Depravação Total é o resultado inevitável de nosso pecado e o pecado é resultado de nossa Depravação Total. A doutrina da Depravação é derivada do conceito agostiniano de pecado original, cuja confirmação bíblica está na carta de Paulo aos Romanos (Romanos 5:12), quando o apóstolo explica aos cristãos de Roma e aos cristãos de todas as eras, que se por um só homem (Adão) entrou o pecado e a morte no mundo, a vida e a graça vieram à tona também pela ação de um só homem: Jesus Cristo. A Depravação Total significa que somos transgressores da lei de Deus em todos os níveis e possibilidades e que por natureza somos inimigos de Deus, como afirma Paulo em Romanos 8:7. O homem desde o pecado de Adão, portanto, desde a Queda, vive em completa hostilidade com o Senhor, fazendo de sua rebeldia uma afirmação pecaminosa de autonomia e independência da lei de Deus, fazendo-se lei de si mesmo e praticando o odioso pecado da idolatria! Outro aspecto fundamental da doutrina da Depravação Total, de sua trágica ação sobre o homem, é que ela não se limita apenas a manifestações externas, tais como assassinato, roubo, violência ou adultério, mas é muito mais radical e trágica, pois ela afeta toda a profundeza da vida humana, nossos pensamentos, vontades, desejos, motivações, decisões. Tal é o fardo que carregamos.

Calvino disse certa vez que não conhecemos nem 1% de nossos pecados. Lutero resumiu bem nossa tragédia: “O pecado original em nós é semelhante à nossa barba. Nós a tiramos hoje e o rosto parece limpo; amanhã nossa barba já cresceu de novo e não cessa de crescer enquanto estivermos na terra” (citado por John Blanchard em sua obra “The Complete Gathered Gold”). Não há nenhum pensamento, nenhuma palavra, nenhum ato, nenhuma área da vida humana que não seja afetada pelo pecado (parafraseando Joel Beeke). Finalmente, a depravação total traz sua sentença final: a morte! Pois o “salário do pecado é a morte” (Rm 6:23). O raciocínio é bastante simples e lógico, se alguém serve ao pecado, será pago com o salário da morte. Morte espiritual e física! A morte física é inevitável, ela constitui a separação do corpo corruptível e do espírito. A morte espiritual pode ser vencida! A maldição pode ser quebrada! A separação entre o homem e Deus pode ser impedida! Eis a boa notícia! O pecado e a depravação não fazem parte da ordem criacional tal como ela foi pensada por Deus, eles são uma anomalia! A morte foi vencida, o grandioso amor e poder de Deus pode nos ressuscitar da morte espiritual através do Redentor preparado desde sempre para reconciliar o homem com Deus!

Escrito pelo colunista: Pastor Davi Peixoto. 

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