PERSEVERANÇA DOS SANTOS (Série parte 5)


Davi peixoto

Em novembro comemoraremos 400 anos do Sínodo de Dort, de onde nasceram os Cânones de mesmo nome, que ficaram conhecidos também como os Cinco Pontos do Calvinismo. Entre novembro de 1618 e maio de 1619, o sínodo refutou um a um os pontos levantados pelos remonstrantes, discípulos de Armínio, à luz da Palavra de Deus! Os Cânones de Dort se transformaram numa Confissão de fé Reformada e juntamente com a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg formam a chamada “Três Formas de Unidade”, conjunto de Confissões Reformadas que calçam doutrinariamente as igrejas reformadas independentes, como, por exemplo, a Igreja Reformada Ortodoxa, igreja em que congrego.

Feita essa introdução com o objetivo de homenagear o aniversário de 400 anos dos Cânones de Dort, vamos tratar do último dos Cinco Pontos: A Perseverança dos Santos! Em primeiro lugar, a perseverança dos santos é uma conclusão lógica dos quatro pontos anteriores já tratados em outros artigos. Se a depravação total do homem causada pela Queda o incapacitou espiritualmente, impedindo-o de alcançar a salvação, Deus, soberanamente, elege pessoas e realiza a expiação do seu Filho em benefício dos eleitos, atraindo-os através de sua graça, cuja ação salvadora é irresistível, segue que o próprio Deus assegurará a salvação de seus eleitos, fazendo-os perseverarem até o fim: “...tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus...´(Filipenses 1:6). Em segundo lugar, a perseverança dos santos não admite, como muitos equivocadamente pensam, que o crente possa continuar a pecar livremente e fazer o que quer por ter sua salvação assegurada. 

O apóstolo Paulo responde essa questão do seguinte modo: “De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? ...considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. (...) De modo nenhum (...) Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna.” (Rm. 6:2, 11, 15 e 22). Há uma relação extremamente íntima entre a salvação e a perseverança! Se o eleito não perseverasse a eleição falharia e todo o edifício bíblico da graça soberana se desfaria como um castelo de cartas. Eis o que o próprio Senhor Jesus ensina sobre perseverar: “Todos odiarão vocês por minha causa; mas aquele que perseverar até o fim será salvo”, (Marcos 13:13). Os eleitos perseverarão, posto que este é um dos frutos da eleição. A perseverança, portanto, é uma característica essencial do crente, ela caminha junto com a tribulação, traz com ela um caráter aprovado e nos enche de esperança, esperança que, segundo Tiago em sua carta, não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu (Tiago 1:2,4).

 Em terceiro lugar, a perseverança dos santos não descarta a possibilidade de que o crente caia e se afaste de Deus por um período. Seríamos tidos como mentirosos se nos julgássemos imunes ao pecado: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós, (1 João 1:8). Porém, o verdadeiro crente não ficará permanentemente nesse estado pecaminoso. O selo do Espírito é irrevogável e nada pode tirar do eleito a certeza de sua salvação, não somente porque Deus nos amou primeiro, mas, sobretudo porque sua Palavra nos assegura que nada e nem ninguém pode nos afastar do seu amor que está em Cristo Jesus. Obviamente, que aqueles que experimentaram da boa porção do Espírito, conheceram em parte a Palavra que salva, mas por um motivo ou outro, como narrado na parábola do semeador, se perderam no meio do caminho, não perseveraram, devem interrogar-se sobre sua eleição, se houver algum interesse em interrogar-se por parte dessas pessoas, é claro! De todo modo, embora não devamos agir movidos por vã curiosidade, como diz Calvino ao tratar da doutrina da eleição, pressupondo o pecado alheio e agindo inapropriadamente como se fôssemos Deus, definindo quem há de perseverar ou não, tenhamos em mente que um dos frutos da eleição é a perseverança e que segurança da salvação está definitivamente atrelada a ela! Os eleitos jamais perderão sua salvação! Eis a esperança que nos renova e nos enche de esperança regozijante! Não é sem motivo que descansamos em Deus. Quando meus olhos abriram-se para as verdades da graça soberana, o bálsamo do Senhor foi renovado em minha vida, eu vi que podia descansar e que era amado verdadeiramente, não pelo que eu produzia, pois se assim fosse nenhuma esperança restaria para mim, mas pelo amor de Deus manifestado na Cruz. Lutero, depois de anos de angústia, sem saber se Deus o amava ou o odiava, mortificado por suas obras, jamais suficientes para recomendá-lo, chega a dizer, em uma de suas cartas, que odiava a Deus algumas vezes por não se sentir capaz de alcançar o padrão de excelência moral da lei de Deus.

Finalmente, ele entendeu a graça soberana e isso o restaurou tão profundamente, que, erguido por Deus, liderou o maior avivamento da igreja na História, avivamento este que só não é maior que o trazido pelo ministério, morte e ressurreição do Senhor Jesus! Chegamos ao fim dessa série de breves e simples artigos sobre os Cinco Pontos do Calvinismo! Oro para que eles ajudem a solidificar nossa fé em Cristo Jesus, Deus feito homem, nosso Redentor e Rei. Terminamos com uma das mais belas doxologias da Bíblia: “Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”, (Romanos 11:36).

Escrito pelo nosso colunista pastor: Davi Peixoto..



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