Série: Eleição Incondicional! (Série 2)


                                                  


                                                    Eleição Incondicional!

“Bendito seja o Deus e Pai e nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele, e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado...” Efésios 1;3-6

Não há nenhuma dúvida que a Bíblia fala sobre eleição. Dezenas de textos, no Antigo e no Novo Testamentos, tratam da doutrina da eleição divina. Na verdade, ela é uma extensão necessária da natureza e dos atributos de Deus, especialmente quando se trata de sua soberania, tema que permeia toda a Escritura. No livro de Jonas, o profeta após ser tragado pelo grande peixe, ainda no ventre do animal, angustiado, termina sua oração reconhecendo que a salvação era prerrogativa de Deus: “Ao Senhor pertence a salvação!” (Jonas 2:9b). Sua recusa em proclamar a salvação em Nínive, um arroubo arrogante e pretensioso de autonomia, termina com a realização absoluta da vontade de Deus, uma manifestação inequívoca de sua onipotência. Ao observarmos atenciosamente as Escrituras, como é requerido de nós, não restará dúvida alguma sobre a primazia de Deus na salvação do homem e muito menos de que esta independe de quaisquer esforços que possam ser realizados na vã tentativa de salvar a nós mesmos, baseados em capacidade própria ou dignidade inerente.

Portanto, a questão em jogo é verificar sob que fundamento se baseia a eleição, não se ela é bíblica! Ela é estrita e absolutamente bíblica! Aqui entra o necessário entendimento de como Deus opera essa eleição, isto é, sob que princípio se dá sua escolha soberana e irrevogável! Duas grandes correntes antagônicas procuram explicar:
1) O arminianismo, herdeiro do pensamento de Jacó Armínio, teólogo holandês que viveu entre os séculos XVI e XVII, objetou o padrão doutrinário reformado acerca da salvação contida não só nas Escrituras, mas na Confissões de Fé Reformadas do século XVI. Sua objeção foi expandida por seus discípulos, chamados também de Remonstrantes, provocando não apenas uma grande discussão teológica, mas a ameaça de convulsão social na Holanda do início do século XVII. A questão foi resolvida no Sínodo de Dort, reunido entre 1618 e 1619, que proclamou os Cânones de Dort, uma refutação ampla e bíblica ao arminianismo.
Mas do que se trata o arminianismo em seu aspecto soteriológico? Basicamente, argumenta que em razão da depravação causada pela Queda, Deus elege pessoas baseado em seu prévio conhecimento de que tais pessoas creriam em Jesus Cristo para a salvação. Embora pecadoras devido a Queda, elas seriam capazes de inclinar sua vontade para as coisas de Deus utilizando seu livre arbítrio, capacitadas por aquilo que chamam de graça preveniente ou preventiva, uma graça que precederia a escolha do homem por Deus. Alguns problemas graves acompanham a visão arminiana da salvação: A) Ela não reconhece a primazia de Deus na salvação e sequer atribui claramente à graça divina a causa da eleição. Em Efésios, o apóstolo Paulo é claro ao dizer que a salvação é dom gratuito de Deus e não fruto de nossas obras, para que a glória seja dada exclusivamente ao Senhor: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9). Ora, se é pela graça não é pelas obras. E o que é o livre arbítrio senão a afirmação humanista de que há mérito e dignidade inatos ao homem? Ela não reconhece a extensão da depravação do homem enraizada na Queda e promotora da inimizade deste homem com Deus. C) Ela, contraditoriamente, ao inclinar-se para um universalismo velado, acaba por impedir a salvação de qualquer um, já que ao fundamentar-se na escolha livre e neutra da vontade humana, uma inverdade bíblica, deposita sua esperança em homens depravados e espiritualmente mortos, incapazes de escolherem a Deus.

2) Para a Doutrina Reformada a eleição é incondicional! Isto é, independe de condições ou contingências que nos recomendem a Deus! Sam Storm, em sua obra “Chosen for Life: The Case of Divine Election”, diz que “A questão se reduz a isto: Deus elege pessoas porque elas crêem no Senhor Jesus Cristo ou Deus elege pessoas afim de que elas creiam em Jesus Cristo?” Calvino disse que o “alvo de nossa eleição é mostrarmos a glória de Deus em todas as suas possibilidades”. Existe uma boa notícia, portanto: Deus escolhe pecadores, apesar de conhecer todas as nossas debilidades. Paulo, ainda em Efésios, ensina aos crentes que “Ele vos deu vida, estando vós mortos em vossos delitos e transgressões, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo...” (Efésios 2:1-2). Ainda tendo as Escrituras como testemunha, recorramos ao que diz Ezequiel: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo, tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ezequiel 36:26-27). Se de nós dependesse a salvação, se de condições ela vivesse, estaríamos todos ainda chafurdando no lamaçal do pecado, mortos em nossos delitos, inimigos de Deus, abomináveis diante de sua santidade.

Se denós ela viesse, não haveria graça e o sacrifício vicário de Jesus seria ineficaz e impotente. Não existiria descanso para nossa alma ou esperança de redenção! Fiquemos, pois, com a proclamação vitoriosa e confiante de Charles H. Spurgeon: “Creio na doutrina da eleição porque estou certo de que se Deus não tivesse me escolhido, eu nunca o teria escolhido. Estou certo de que ele me escolheu antes de eu haver nascido, pois ele não teria me escolhido depois”!

Escrito pelo Colunista: Pastor Davi Peixoto

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