Numa parábola, Jesus expressou o seu ensino sobre
perdão com toda a clareza e som estereofônico. Nela encontramos muitas
revelações sobre as nossas emoções que nos trazem renovação e restauração
espiritual, mas isso não nos surpreende, pois Jesus foi a única pessoa
equilibrada e perfeitamente sadia que já viveu aqui nesse mundo e que poderia
nos trazer um ensino perfeito sobre a restauração de relacionamentos entre
nossos pares. A Bíblia afirma que Ele sabia o que havia no coração do homem,
até mesmo o que tem escondido lá no seu íntimo, assim sendo, podemos saber de
antemão que os seus ensinos e princípios contém as maiores verdades sobre a
nossa psiquê. Em todo o desastre psicológico emocional que podemos vivenciar
aqui nesse mundo, existe uma restauração em nosso interior por meio dos ensinos de
Jesus, e é por isso que hoje, desejo compartilhar com vocês o que tenho
aprendido após ter gozado de uma maravilhosa renovação em meu ser, ao estudar
essa parábola magnifica, e viver situações semelhantes, onde apliquei os
ensinos de Jesus a minha vida.
Vamos para parábola: Certo rei
que quis fazer contas com seus servos e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe
apresentado um que lhe devia dez mil talentos (....) Mateus 18:23-35. Jesus
citou aqui uma soma realmente elevada, uma quantia muito alta, quase impossível
de se pagar. Os impostos anuais das províncias da Judeia, Samaria, Galileia e
Peréia, somados chegavam apenas a cerca de 800 talentos, mas o exagero da
quantia é para acentuar a verdade ensinada.
Nossa
dívida para com Deus e com outros, é tão elevada que se torna impossível
pagá-la; chega a tanto que podemos compará-la a dívida de um escravo que
recebia um salário de uns poucos talentos por mês e que se fizesse uma dívida
tão alta, equivalente a 10 mil talentos, não podia economizar o suficiente para
saldar a mesma. O homem da história, cai de joelhos pedindo misericórdia ao seu
senhor, o que ele pede é uma concessão especial, uma dilatação no tempo, um
adiantamento. Diz a parábola: Senhor seja paciente comigo, diz ele, adie essa
cobrança e lhe pagarei tudo, dê-me um pouco mais de tempo. (Vemos aí que a
ideia do servo tinha sobre o perdão era uma e a do rei outra). O Soberano teve
misericórdia e perdoou-lhe toda dívida, o libertou, saindo, porém, aquele
servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários e
segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves. Então o seu companheiro,
caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei.
Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
(.....) Então o seu senhor, sabendo do acontecido, chamo-o a sua presença e
disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive
compaixão de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que
pagasse tudo o que lhe devia. Se a história parasse por aí, já seria bastante
trágica, mas Jesus disse outra coisa a seguir que foi uma verdadeira pontada,
Ele disse: Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada
um, a seu irmão.”
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O
que o Senhor está querendo dizer? A imagem do Pai Celeste é essa que o Senhor
Jesus está projetando? Não seria isso uma tradução inexata? Não, a inferência
está muito clara; Deus será um cobrador drástico e duro. Aqueles que não perdoa
e são perdoados, vivem sofrendo e aprisionados com sentimentos de culpas e por
todo tipo de conflito emocional.
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Quando
um condenado é liberto da cadeia dizemos que ele pagou seu débito com a
sociedade, eu comparo esse exemplo com a vida relacional. O débito é pago com o
perdão que atinge a vida espiritual de todos os devedores que prejudicaram
alguém, dando o verdadeiro perdão, somos libertos também. Como citei no início
do texto, Jesus foi a única pessoa equilibrada desse mundo, Ele citou esse
mesmo conceito no âmago do Pai nosso, quando nos ensinou a orar dizendo:
'Perdoa nossas dívidas, assim como temos perdoado aos nossos devedores".
Os pastores e conselheiros ou quaisquer outras pessoas que trabalhem com a alma
humana, sabem que essa questão de débitos morais, se entranha na natureza
humana de forma incrivelmente sutil. Existe em nós um sentimento de dever,
temos um débito de mecanismo automático o qual a cobrança da dívida entra em
funcionamento, então começamos a cobrar a quem nos deve tentando retirar nossa
própria culpa, colocando a culpa em outra pessoa quase que instintivamente para
nos aliviar da nossa própria culpa. Somos devedores e nossas dividas foram
perdoadas, mas na vida sentimental isso entra em vigor naturalmente, se
sentimos raiva de nós mesmos costumamos a falar: “tenho que pagar por tudo isso!”
Mas, se sentimos raiva de outrem, ele que tem que pagar.
É
desse modo que acontece esse inexorável processo de dívida e cobrança quando
entra em funcionamento, e a pessoa é entregue aos seus verdugos interiores, são
os carcereiros que atuam como cobradores nessa horrível prisão. Jesus nos
ensina que, os que não perdoam e não são perdoados, são entregues a outros
grupos terríveis, que são chamados de sentimento de culpa, ressentimento,
aumento de obras de justiça própria e aflição interior, e os afligidos por
esses males, são acometidos por estresses e por toda sorte de problemas e
distúrbios psicológicos. Estudos apontam que 75% das pessoas que se encontram
internadas nos hospitais, estão com alguma moléstia além de física, emocional,
ou sejam, sofrem de enfermidades que tem suas raízes em problemas emocionais,
parece que esses pacientes com essas doenças estão punindo a si mesmos segundo
essa pesquisa.
Somando-se
a isso, tenho observado que as duas maiores causas de problemas emocionais
entre os cristãos, é o fato de não compreenderem e não receberem e nem viverem
na graça e perdão incondicionais de Deus. Visto que, sentem dificuldade em
dispensar perdão e amor incondicional a outros, em primeiro lugar, quando não
se percebe a grandeza de receber perdão de uma dívida impagável, muitos de nós
somos como o servo da parábola, visto que ele não compreendeu a oferta graciosa
do rei, que em vez de lhe dar tempo para pagar a dívida quando o
servo suplicou por mais tempo para saldá-la, o que aconteceu? O Senhor em sua
misericórdia deu mais do que ele pedia, mais do que ele imaginava e desejava,
pois teve toda a dívida perdoada, todo seu débito sumiu num momento, mas o
servo parece não ter ouvido ou entendido o que o seu Senhor lhe disse, vivendo como se ainda havia concedido somente o que ele pedira, e o que ele
pediu? O alargamento do prazo, pediu que houvesse paciência com ele. Senhor por
favor, não execute a minha dívida, estenda o prazo da promissória por um pouco
mais de tempo e lhe asseguro que pagarei tudo que devo, com seu orgulho e
estupidez pensou que poderia pagar os 10 mil talentos se o soberano lhe desse
um prazo maior, mas o Senhor em sua misericórdia cancelou toda dívida, não se
limitou simplesmente em dilatar o prazo, ele simplesmente rasgou a promissória,
cancelou o débito e o servo ficou livre daquele compromisso de ameaça da
prisão.
Muito
de nós somos como esse pobre homem, não podemos acreditar na boa notícia de não
sermos mais devedores. Na verdade, o problema é que não absorvemos o perdão de
Deus em nossas vidas, portanto torna-se difícil desfrutar do que recebemos por
graça. A falta de compreensão de que nosso débito foi cancelado, nos tornam
como um devedor qualquer que apenas tinha ganhado um prazo para trabalhar.
Quando não temos confiança que nosso débito foi verdadeiramente cancelado, os
verdugos interiores do ressentimento da culpa, do esforço, aflição, ainda ficam
a atuar dentro de nós.
Nosso
problema, é ouvirmos falar da maravilhosa doutrina da graça, lermos a respeito
dela e não acreditarmos nela de fato, pois não vivemos de acordo com ela.
Cremos na graça mentalmente, não como o mais profundo de nosso ser, nem
no nosso relacionamento com os outros, acho até estranho mencionarmos a palavra
graça com mais frequência do que outras em nossa vida cristã, no entanto, a
usamos com ressentimento religioso e mesmo quando mencionamos a graça em nossos
credos e falamos ao seu respeito quando cantamos e proclamamos que somos salvos
“apenas pela graça por meio da fé”, sendo esse traço distintivo da fé cristã,
tudo isso se acha somente em nossa cabeça, as boas novas do Evangelho da graça
atingem apenas nossas emoções, porém ainda não alcançaram nosso relacionamento
com outras pessoas. Recitamos como papagaios a definição: A graça é um favor
imerecido que recebemos de Deus, mas isso não atinge nossa vida por inteiro,
não chegamos onde devemos chegar. A graça é algo que não podemos conquistar com
esforço próprio, é algo que nunca poderemos retribuir.
Dentro
do nosso meio cristão, alguns de nós não vemos, não conhecemos a graça em sua
complexidade e simplicidade ao mesmo tempo, somos impelidos pela trágica
atitude de trabalhar ou esforça-nos tentando fazer alguma coisa para nos livrar
do sentimento de culpa, estamos sempre tentando expiar nossos pecados e pagar
nossos débitos. Lemos um capítulo a mais da Bíblia, acrescentamos 10 minutos a
mais ao nosso devocional, e depois saímos para fazer um trabalho evangelístico
movidos por sentimento de culpa, esse tipo de salvação foi recebido como uma
nota promissória. Não importa o que você faça ou tenha feito no passado, você
já foi perdoado, não acumule os terríveis verdugos interiores, não castigue a
si mesmo para sofrer tentando expiar a sua culpa, não viva anos amargurados em
uma prisão com os cobradores mentais executando seus terríveis ofícios, não
more numa prisão perpétua de remorso, receba e tenha totalmente o perdão divino
e de si próprio, o nosso Senhor Jesus disse para perdoamos os nossos inimigos,
e na maioria das vezes, os nossos inimigos, somos nós mesmos.
Esse
círculo vicioso se fecha com os outros que também não conseguem executar o
perdão, como essa parábola é trágica, o servo que não compreendera que foi
totalmente perdoado, pensava que ainda deveria cobrar os que o deviam para que
pudesse saldar a dívida com o seu Senhor, dívida esta, que já havia sido
cancelada; fico pensando como seria tal cobrança: Ele foi para casa, verificou
seu livro contábil e disse: Tenho que receber esse dinheiro dos que me devem
para poder pagar meu senhor; e o que aconteceu? Agarrou o primeiro colega que
encontrou, apertou-lhe a garganta e disse: Pague o que me deve, cadê meu 100
denários. Ele pensou que tinha recebido uma dilatação do prazo, o interessante
que embora ele venha pensar que recebeu um prazo, ele não deu aquele homem
nenhum minuto dizendo: Me pague ou vou colocá-lo na cadeia. Como o pobre homem
não tinha como pagar, teve que ir para prisão e com certeza essa não é uma
maneira muito boa de se manter um relacionamento amigável com outra pessoa e o
círculo vicioso só aumenta mais, tornando-se crônico. Quem sofre rejeição pode
tornar um rejeitador de outros, e quem não recebe perdão também não perdoa.
Quem não recebe graça não concede graça. A conduta desse tipo de pessoa entre
outras é totalmente desastrada, e a consequência disso são conflitos emocionais
e rompimento na relação com os outros.
Aplique
o perdão, se perdoando também. Reveja toda a situação que te feriu, alguém que
tinha de alguma forma, algum poder sobre você quando criança e que te magoou,
pais, um amigo que te traiu, uma namorada(o) que te rejeitou, uma esposa(o) que
te machucou, todos esses te devem alguma coisa, não é? Toda essa carga de
sentimentos para o seu lado te torna rancoroso e um rejeitador de outras
pessoas. Você recebeu a graça, como não pode dar a outros? Como se sente
atormentado, atormenta outros também. Ao tentar fazer com que os outros paguem
o que te devem de alguma forma, você se torna um cobrador de tristezas e
conviverá sempre com esse peso mortal te atormentando dia e noite.
Seja
livre através da graça e amor de quem se entregou por você em uma cruz, pagando
por todas as suas dívidas ... o caminho para curar a sua vida emocional e
espiritual que estão feridas, é sendo perdoado por Deus e perdoando a si mesmo
e aos outros também.
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Por:
Cristiane Monteiro lima
Colaboração:
Pastor Eurico.
Assunto
da aula de teologia do professor: Leandro
Macro
tema: Tudo pela graça
Micro
tema: Culpa, Graça e Cobrança de Débitos.
Aula
no dia 12
Continuarei....
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